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Fui à Cova



À hora de almoço fui à Costa, é o que dá ter uma hora e meia de almoço, um pequeno luxo. Decidi visitar a Cova do Vapor.

A praia da Cova do Vapor fica na Trafaria, na extremidade da Costa da Caparica junto ao rio, com o Bugio ao fundo. Trata-se de uma povoação muito particular, desorganizada com casas construídas por pescadores. Estas casas são muito curiosas, lembro-me de ver um portfolio no Dna sobre esta comunidade. Encontramos de tudo, casas de diferentes cores, tamanhos, feitios.

No que diz respeito à onda, é uma direita poderosa. Forma-se um V, o drop é vertical. Basta só encaixar lá para dentro. Quando comecei a ir para lá, era de tal modo desconhecida, que o pessoal referia-se a esta praia como o Spot. Guardei segredo até ver fotografias na Surf Portugal. Valia bem a pena guardar segredo, era uma óptima alternativa para fugir ao crowd das outras praias da Costa. Pessoalmente, não era alternativa, era a prioridade.

Esta talvez seja a praia que mais associo à minha fase demente em relação às ondas. Lembro-me de todos os dias depois de almoço, só tinha aulas de manhã, pelas 14h30 estar já ao telefone com o Joy e fazer a pergunta que se tornou um clássico: Vamos ao que interessa? Após juntar todos os trocos existentes em casa, ala para a Costa. Primeiro passo, gota. 500$, dava e sobrava para ir e vir no Super 5, bons tempos. Durante a viagem era só rir e sempre que passávamos a ponte, era olhar para a direita para ver se havia linha no Bugio, se sim era sinal que estava a dar altas.

Chegados à Cova, víamos logo pela quantidade de carros a qualidade do mar. Mesmo assim subíamos o pontão. Se havia V, era a correria até ao carro, Bora.

Na Cova devo ter feito as melhores ondas de bodyboard da minha vida, sacado os melhores rollos e tubos, sim porque só não fazia, quem não queria, era só enfiar.

Recordo muitas histórias naquela praia como quando ia ter um exame e fui lá só para ver o mar e acabei por surfar de boxers, o cão do Xuxa ser sodomizado por outro cão (só macheza eheheh), daquela vez que fui com o bogas à costa fiquei sem gasosa e o Joy ficou 1hora à noite de fato molhado a gelar à espera do carro, de entrar quando parti o braço antes das sessões de fisioterapia e dizer ao fisioterapeuta que não ia à praia, mesmo que as minhas sobrancelhas cheias de sal dissessem o contrário.

Gostava de surfar na Cova no Inverno, melhor altura para surfar, ficávamos até não haver sol, sempre no limite. Dava gozo despir o fato em cima dos carros abandonados. E quando sobrava dinheiro lá íamos ao Manda bolos, nome dado por nós a uma pastelaria que tinha bolos enormes e baratos.

Por volta das 19 horas, noite cerrada lá íamos a caminho de Lisboa, pela ponte, com a sensação de dever cumprido, sorriso nos lábios e a solfagem no máximo, pois estava um frio de rachar e o gorro não era suficiente para aquecer.


Já não ia à Cova há bastante tempo. A última vez que ouvi falar da Cova do Vapor foi num noticiário em que diziam ter havido um assalto a um casal de jovens, ela foi violada, ele assaltado e agredido. Fiquei aborrecido, afinal daquela praia sempre tive boas notícias.

1 Responses to “Fui à Cova”

  1. # Blogger casual

    Joy, só quem lá esteve é que sabe.

    Grandes momentos!

    Estamos mais velhos, mas não acabados. Este fim de semana não falha. Surf para a veia, conto contigo.

    Abraço.  

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