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Fragmentos de um moleskine a caminho do basco país

A viagem para lá (I)

Sta Apolónia. Sexta-feira, 17 de Agosto.

16h05- Isto (comboio) está a começar a andar.

Tenho ideia que me esqueci de qualquer coisa (resposta: saco-cama).
Imagino quais terão sido as primeiras frases do Hemingway e mesmo do Picasso (sim porque ele também sabia escrever, penso eu) comparo com as minhas e dou por mim a chegar a esta conclusão: porque é que comprei esta merd... o Moleskine? Foi caro, no entanto pensei que me iria servir de inspiração.
Reparo que é impossível escrever no comboio. O Ernesto era máquina. Eu escrevo letra a letra, solavanco a solavanco, isto vai demorar e só faltam 14 horas para chegar (rimei, não gosto).

Na minha cabine viaja um casal de emigrantes e respectivo rebento que grita como sua mãe Jessica (porque não?) o fez no dia em que viu aparecer tal cabeçorra entre as suas roliças pernocas.

Já me arrependi de ter comprado bilhete de ida e volta. Estou condicionado. Bolas, eu vivo para isto, viajar sem limite de tempo e espaço. Biarritz, San Sebastian, Mundaka, Pamplona, pouco tempo para tantos destinos.

20h- No corredor encontro os tios da M. Tomo esta coincidência como um aviso, fecho os olhos e imagino-a a dizer: não faças merda, puto.
Avisado, recolho para o meu lugar, abro o "Pequeno herói" (outra coincidência?) do Fédor, aqui não corro risco de ser importunado pelas três espanholas que viajam cinco cabines à frente.

Entretanto, já tenho mais "colegas" de cabine. Um tipo novo que na minha ausência quis ocupar o meu lugar (o melhor da cabine), tem ar de maricón, e um francês. Pelo sim pelo não, é melhor não dormir (Nota Mental)

21h45- Uma francesa , mãe de filhos, mete conversa comigo. Queres conversa mas não te dou... muita. Contingências do meu básico francês falado.

22h45- Bar, é a pronúncia do norte, elas andam aí... tios da M, tios da M, puto (Nota Mental). Gosto do bar, ambiente degradante, as toalhas são as de origem assim como, digo eu, os bolos. Mas que bela jola, de lata, mas fresquinha. Com o andar da carruagem já consegui adaptar a minha caligrafia ao ritmo do comboio. Amanhã, fora de carris, temo que será complicado escrever.

23h00- Notícias da minha terra: Sporting 4-1 Académica. Obrigado rapazes.

23h45- Esta malta deita-se cedo. Quero festa. Noto que há moleskines muito elaborados com mapas e tudo... isto está animado, nunca mais chego.

01h30- Falo com franceses sobre política externa. Sarkozy não está muito bem visto na carruagem 21. Puxo do tabaco de enrolar, um clássico, ajuda-me a argumentar.

Continua... se tiver paciência.

Sentado na poltrona

Olho para a sala e penso: o que falta aqui é uma boina basca. Pormenores em breve...

Paixão matinal

10h00, apaixonei-me. Chama-se Maria J. e faz bonecos de trapos. Apareceu na capa de uma revista sobre artesanato. Que cara, que sorriso, que alegria. É de Aveiro, estudou em Londres. Após pesquisa intensiva (não estou nada obcecado) encontrei algumas respostas dela a um inquérito. Não querendo ser tendencioso, penso que a Maria J. tem tudo que ver comigo, senão vejamos (comentários casuais em itálico):

-Uma Pessoa especial:
Tu - lá está.
-Um Artista/ inspiração:
A música- que bem que toco guitarra.
-Um Objecto:
Qualquer coisa que risque - a agulha que vai riscar a minha pele com o teu nome.
-Um Filme:
Nightmare before christmas,Tim Burton - me too.
-Uma Revista:
Nem por isso - eu, só mesmo revistas de artesanato.
-Música:
Muitas, Tori Amos em especial - estou a sacar o último CD, curiosamente...
-Uma Viagem:
Moçambique, Indonésia - entro de férias na 6ª feira, uma semana na Beira, outra em Bali.
-Um Animal:
Yuki, cadela da - nossa- família.
-Um Livro:
O meu Pé de Laranja Lima - identifico-me com o Zezé.
-Um local especial:
O mar e tudo aquilo que puder chamar casa - chamem o paaaadre.
-Um Herói de Infância:
Mafaldinha - o nome da nossa primeira descendente.

Será a tal?

Ezconderijo e onomatopeias

Zzzzzzzzzzzzzzzzz, plock, plock. Entraram. Mas que belo esconderijo, longe dos outros chatos. Todo o dia à espera deste momento. Ele rodopia à volta dela, corteja-a. Ela, parada, consente. Afinal, sempre o desejou. Zeca aproxima-se pouco zzzzzzz a pouco até que toca na Margarida- iiiiiiiiiiiiiiiihhhhhhhh,RED Light, o ninho do amor aquece num ápice. E de seguida, crash, acidente na EN 390, farol para dentro, esconderijo descoberto. Obstinado, lá vai o Zeca Mosquito à procura de outro farol, de travão, com uma pequena ranhura para dar a ferroada, tarau, à sua Margarida.

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