Fragmentos de um moleskine a caminho do basco país
7 Comments Published by casual on segunda-feira, agosto 27, 2007 at 12:52 da manhã.
A viagem para lá (I)
Sta Apolónia. Sexta-feira, 17 de Agosto.
16h05- Isto (comboio) está a começar a andar.
Tenho ideia que me esqueci de qualquer coisa (resposta: saco-cama).
Imagino quais terão sido as primeiras frases do Hemingway e mesmo do Picasso (sim porque ele também sabia escrever, penso eu) comparo com as minhas e dou por mim a chegar a esta conclusão: porque é que comprei esta merd... o Moleskine? Foi caro, no entanto pensei que me iria servir de inspiração.
Reparo que é impossível escrever no comboio. O Ernesto era máquina. Eu escrevo letra a letra, solavanco a solavanco, isto vai demorar e só faltam 14 horas para chegar (rimei, não gosto).
Na minha cabine viaja um casal de emigrantes e respectivo rebento que grita como sua mãe Jessica (porque não?) o fez no dia em que viu aparecer tal cabeçorra entre as suas roliças pernocas.
Já me arrependi de ter comprado bilhete de ida e volta. Estou condicionado. Bolas, eu vivo para isto, viajar sem limite de tempo e espaço. Biarritz, San Sebastian, Mundaka, Pamplona, pouco tempo para tantos destinos.
20h- No corredor encontro os tios da M. Tomo esta coincidência como um aviso, fecho os olhos e imagino-a a dizer: não faças merda, puto.
Avisado, recolho para o meu lugar, abro o "Pequeno herói" (outra coincidência?) do Fédor, aqui não corro risco de ser importunado pelas três espanholas que viajam cinco cabines à frente.
Entretanto, já tenho mais "colegas" de cabine. Um tipo novo que na minha ausência quis ocupar o meu lugar (o melhor da cabine), tem ar de maricón, e um francês. Pelo sim pelo não, é melhor não dormir (Nota Mental)
21h45- Uma francesa , mãe de filhos, mete conversa comigo. Queres conversa mas não te dou... muita. Contingências do meu básico francês falado.
22h45- Bar, é a pronúncia do norte, elas andam aí... tios da M, tios da M, puto (Nota Mental). Gosto do bar, ambiente degradante, as toalhas são as de origem assim como, digo eu, os bolos. Mas que bela jola, de lata, mas fresquinha. Com o andar da carruagem já consegui adaptar a minha caligrafia ao ritmo do comboio. Amanhã, fora de carris, temo que será complicado escrever.
23h00- Notícias da minha terra: Sporting 4-1 Académica. Obrigado rapazes.
23h45- Esta malta deita-se cedo. Quero festa. Noto que há moleskines muito elaborados com mapas e tudo... isto está animado, nunca mais chego.
01h30- Falo com franceses sobre política externa. Sarkozy não está muito bem visto na carruagem 21. Puxo do tabaco de enrolar, um clássico, ajuda-me a argumentar.
Continua... se tiver paciência.
Sta Apolónia. Sexta-feira, 17 de Agosto.
16h05- Isto (comboio) está a começar a andar.
Tenho ideia que me esqueci de qualquer coisa (resposta: saco-cama).
Imagino quais terão sido as primeiras frases do Hemingway e mesmo do Picasso (sim porque ele também sabia escrever, penso eu) comparo com as minhas e dou por mim a chegar a esta conclusão: porque é que comprei esta merd... o Moleskine? Foi caro, no entanto pensei que me iria servir de inspiração.
Reparo que é impossível escrever no comboio. O Ernesto era máquina. Eu escrevo letra a letra, solavanco a solavanco, isto vai demorar e só faltam 14 horas para chegar (rimei, não gosto).
Na minha cabine viaja um casal de emigrantes e respectivo rebento que grita como sua mãe Jessica (porque não?) o fez no dia em que viu aparecer tal cabeçorra entre as suas roliças pernocas.
Já me arrependi de ter comprado bilhete de ida e volta. Estou condicionado. Bolas, eu vivo para isto, viajar sem limite de tempo e espaço. Biarritz, San Sebastian, Mundaka, Pamplona, pouco tempo para tantos destinos.
20h- No corredor encontro os tios da M. Tomo esta coincidência como um aviso, fecho os olhos e imagino-a a dizer: não faças merda, puto.
Avisado, recolho para o meu lugar, abro o "Pequeno herói" (outra coincidência?) do Fédor, aqui não corro risco de ser importunado pelas três espanholas que viajam cinco cabines à frente.
Entretanto, já tenho mais "colegas" de cabine. Um tipo novo que na minha ausência quis ocupar o meu lugar (o melhor da cabine), tem ar de maricón, e um francês. Pelo sim pelo não, é melhor não dormir (Nota Mental)
21h45- Uma francesa , mãe de filhos, mete conversa comigo. Queres conversa mas não te dou... muita. Contingências do meu básico francês falado.
22h45- Bar, é a pronúncia do norte, elas andam aí... tios da M, tios da M, puto (Nota Mental). Gosto do bar, ambiente degradante, as toalhas são as de origem assim como, digo eu, os bolos. Mas que bela jola, de lata, mas fresquinha. Com o andar da carruagem já consegui adaptar a minha caligrafia ao ritmo do comboio. Amanhã, fora de carris, temo que será complicado escrever.
23h00- Notícias da minha terra: Sporting 4-1 Académica. Obrigado rapazes.
23h45- Esta malta deita-se cedo. Quero festa. Noto que há moleskines muito elaborados com mapas e tudo... isto está animado, nunca mais chego.
01h30- Falo com franceses sobre política externa. Sarkozy não está muito bem visto na carruagem 21. Puxo do tabaco de enrolar, um clássico, ajuda-me a argumentar.
Continua... se tiver paciência.
Fotos pá, a gente quer é fotos...
não te impressiones com o Ernesto, cada um escreve o que lhe dá.
tive um moleskine que acabou por servir as minhas viagens: ficou gordo, imponente mesmo, cheio de bilhetes, pacotinhos de coisas variadas, papelinhos e até caruma lhe colei.
aconselho vivamente ;)
p.s.: então acertei. era mesmo a caminho de pamplona. "viva sanfermin"
que é que te aconteceu ao blog, pá?
seb, calma. A gente já vai ter fotos. Abraço.
polegar, moleskin para siempre. Acertaste sim senhora, apesar de ter ficado um pouco desiludido, a seu tempo te direi. O blog foi salvo, mas ainda está em convalescência. Bjs
desiludido? hum... espero que não seja com o meu "viva safermin", pode dar azo a interpretações erradas: eu estive em Espanha na altura das corridas e acabei por acompanhar via TV - que eu sou pessoa de "querer perceber o porquê". e apanhei obviamente as expressões da coisa. sou contra o que fazem ao bicho a partir do momento em que chega à arena, mas digo-te que passei a compreender um bocado melhor a corrida em si, e até achei piada aos rituais, às roupas, à parte saudável da tradição e da festa (eles magoavam-se? não se metessem à frente! LOL)
quanto a Pamplona propriamente dita, não conheço. só do que vi nos milhares de directos na TV, e achei uma terrinha simpática, pitoresca cheia de gente etilizada ;)
polegar, fiquei decepcionado com a cidade. As ruas onde largam os touros em direcção à praça são para aí três no meio de prédios enormes. A exploração turística da coisa está presente em cada esquina. Enfim, quem a leu e quem a vê.
pois que não me admira nada... os espanhóis não são (ou não foram durante muito tempo) muito dados à preservação do património, e adoram aquela arquitectura quadrada com estores...
espero que melhores poisos te aguardem.