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Uma história com pés e cabeça

Acordou com a mão esquerda no lugar do pé do mesmo lado. O pé ocupou o espaço que outrora fora da cabeça, que, por sua vez estava ligada ao braço do lado do coração. Que transtorno. Há dias que não se deve despertar. Ainda para mais António era canhoto. Levanta a perna, roda a maçaneta, acende a luz. Lavar os dentes revelou-se tarefa complicada, vestir-se foi fácil.

No Vítor, atira a cabeça para cima do balcão e com a ajuda da mão direita bebe o café. Fala dos pontos perdidos no campeonato, do brasileiro que teima em não marcar golos. Tudo normal.

Tony sai do café, dirige-se para o autocarro, ao pé coxinho. Mostra o passe social. O motorista não o deixa viajar. Senha fora do prazo, é do mês passado, lamento. Cidadão cumpridor, retira os trocos do bolso do lado direito. Faltam 3 cêntimos. É impedido de seguir. António da Graça, como sabem, ferve em pouca água com injustiças. Quando lhe chega a mostarda ao nariz, que nesta altura estava dentro do bolso, ninguém pára o Tó. Puxa o braço atrás, zás cabeçada no gordo da Carris, seguida de uma biqueirada no alto da tola. O bigodes ficou inconsciente. Pormenores, T estava atrasado e tinha de seguir a toda a velocidade. Emprego novo, a primeira impressão conta muito, há que ser pontual. Mão na embraiagem, braço ao alto com a cabeça esticada, estilo submarino. Cobra bilhetes, abre a porta lá atrás, deixa atravessar as velhotas na passadeira.

Chega à sua paragem, faz a roda e sai do autocarro, tal acrobacia valeu-lhe uma ovação de pé dos passageiros do 714. Depois de muito insistirem, bis...bis, Mr.T não resiste e repete. Vai em ombros até à entrada da companhia de seguros onde trabalha, porém dá com os toes na porta. Bolas, era Domingo.

1ª semana de Abril, Biarritz

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Sorte de caca

Como já devem ter percebido, apesar de ser gigante, ter cabelo loiro, ter uma péssima dicção tal qual um europeu do norte, sou português. Assim, à sexta-feira, quando o cinto aperta, encontro-me na fila com o boletim na mão. Aposto na sorte e não no meu talento que desconheço. À minha frente estão sete pessoas. Parece que estou em Londres, mas no meio da II Guerra, em vez da senha de ração, tenho o papel que me dá acesso a uma ilusão que em menos de dez horas se desvanece.

Como português a viver em Lisboa, caminho nas calçadas, tão típicas, tão cheias de caca. Piso um ou dois montes. Que falta de sorte. Mas espera, diz o povo (lá estou eu com os provérbios populares)que dá sorte, e eu que estou a precisar tanto. Recordo-me de um encontro ao mais alto nível com nuestros hermanos, em que no meio dos discursos reparo na sola do meu sapato, mas que bela bosta. Nesse dia andei meio de lado, mas como tenho uma perna mais curta, não desconfiei de nada, até que descobri o salto improvisado do sapato. A verdade é que o encontro correu bem, houve consenso e assinaturas. Por isso, vou pisar cada bosta que me aparecer à frente. Se cheirar menos bem, não fui eu, foi o cão. Desejem-me sorte.

14 de Fevereiro

Dia dos Namorados/ Dia Europeu da Disfunção Eréctil. Coincidências?

Serei o único português que não sentiu o sismo?

Barreiras no espaço

No decorrer desta busca incessante pela casa ideal, por razões, no princípio, económicas, passei de T3 para T1. Quem sabe, um dia aposte num T0, já que, numa casa com uma área bastante reduzida, quanto menos paredes, maior será o espaço aproveitado.

Enquanto reflicto sobre a utilidade de barreiras no espaço, lembro-me de momentos em que foram muito úteis na minha vida. Como quando estava naquele escritório, onde a chefe me irritava de 20 em 20 minutos e o meu único escape era ir à casa de banho, paredes meias com o escritório dessa maluca. Fechava a porta, virava-me na sua direcção, fazia gestos obscenos e disparava: sua pu?@, ninguém te pega, tens cara de agrafador, crl. Puxava o autoclismo, lavava as mãos. Depois da descarga emocional, saía e fazia questão de cumprimentar a Agrafos com um sorriso. Estava aliviado.
Outro episódio. Lagos, sequestrado numa tenda, de origem austríaca, fogoso intercâmbio cultural/corporal/linguístico com a ginasta do Tirol. Durante o acto escuto: roda aí man. Roda aí man??! Não era para mim, mas sim rapaziada fora da tenda a rodar a Maria Joana. Contingências de uma barreira em polyester.

Eterno Amor


Em Roma, foram encontrados esqueletos de um casal sepultado abraçado há mais de 5 mil anos. Já tenho uma prova para justificar expressões, por mim, muito utilizadas: o amor mata; como tudo, ficam só os ossinhos; vamos fazer amor até à eternidade; levo-te ao céu, etc...

Mariana

Desafio

Entre consultas da Dentista, almoços, cinema, noite, bilhetes para concertos, o dinheiro fugiu. Para o recuperar decidi poupar. Assim, para esta semana disponho só de 10 euros. Hoje não almoço, amanhã faço a bela da sandE, só tenho de encontrar o cesto de verga, ponho um autocolante, para não ficar ridículo e impressionar as miúdas, ficam doidas.