casual _


A Rosa que pica

-Hola, entra. É loira de olhos azuis, veste de branco, aparenta ter a minha idade. Atravesso o corredor que me dá acesso ao espaço que me é reservado. Desliza a cortina. Estamos sós. Pede-me a ficha que deixa em cima de um monte delas. Já trabalhaste muito hoje, penso. Sem mais, pede-me para baixar as calças. Que clima. Conta-me que está em Lisboa há cerca de um ano, que é difícil arranjar emprego na sua área em Madrid, e assim que soube que precisavam de profissionais deste lado da fronteira nem pensou duas vezes em arriscar. Do nada, enquanto se preparava, informa-me que com dois anos retirou as amígdalas, por isso não tinha problemas. Diz-me para me deitar. Nisto sinto uma palmada na nádega esquerda, Naughty Girl, seguida de uma picada de agulha (injecção de penicilina). E foi assim que conheci a Rosa, a nova enfermeira do Centro de Saúde. Tenho de arranjar uma maneira de a voltar a ver, de preferência numa situação menos ridícula. Assim, tenho andado a pesquisar escadas com potencial para uma queda violenta que justifiquem o meu regresso à marquesa da Rosa.

3 Responses to “A Rosa que pica”

  1. # Anonymous Anónimo

    Tu estás a ficar o verdadeiro homem da narrativa!Nas primeiras linhas fiquei preocupada com o teu futuro, mas depois surpreendeste com esse desfecho.. Muito bom. Adorei o pormenor da penicilina, nada te escapa, que observador :) LOLLLLL  

  2. # Blogger casual

    kika a exagerada, obrigado. O pormenor da injecção, acredita que não adorei:) Bj  

  3. # Blogger eudesaltosaltos

    Bem conseguido... mm. :) bj  

Enviar um comentário